A fotografia é a técnica que consiste em capturar a luz e transformá-la em imagens estáticas. Ainda que a essência permaneça a mesma, essa arte viveu nas últimas décadas uma metamorfose radical, de mudança de conceitos e horizontes, de remodelamento da maneira de trabalhar e de se sustentar, de transformação de publicar uma foto e interagir com o público.
O fotógrafo permanece como um artista que traduz sua forma de ver o mundo em imagens, afinal, “enxergar não é a mesma coisa que ver”. Porém, a concorrência aumentou, as câmeras diminuíram e os debates em torno de qualquer tema se acirraram com a internet.
A série Grandes Fotógrafos, Pequenos Formatos traz à luz o que pensam os fotógrafos mais jovens e os que viveram a maior parte de sua carreira na era química, passando por diferentes áreas dessa arte, como fotojornalismo, esporte, cotidiano, moda, viagens, até chegar no recente debate da inteligência artificial.
A incidência da luz nos nossos olhos nos permite olhar o mundo à nossa volta. Porém, olhar o mundo não significa que nós vemos o mundo. Olhar é simplesmente abrir as pálpebras, deixar a luz através do cristalino que é a nossa objetiva e chegar na retina que é o nosso sensor. Ver requer uma complexidade maior, que traz muitas outras variedades, como a subjetividade de quem recebe aquela informação. É essa subjetividade que faz com que alguns fotógrafos capturem imagens tão poéticas e poderosas.
No primeiro episódio da série, vamos retratar dois personagens de gerações diferentes. Carlos Ebert, fotógrafo que desde os
anos 60 atravessou por diversas mudanças tecnológicas e se adaptou a elas. Também conheceremos mais de Helen Salomão, jovem fotógrafa nascida na periferia de Salvador e que se destacou registrando com poesia e realidade o seu entorno. Dois fotógrafos com histórias e origens completamente diferentes, mas que usam da luz e das tecnologias que vêm surgindo para reproduzir suas visões de mundo.
SINOPSE EPISÓDIO 2 FOTOJORNALISMO
O fotojornalismo é uma vertente da fotografia que tem como principal objetivo transmitir informações de maneira clara e concisa por meio de imagens. O que leva a duas questões muito marcantes neste gênero: o censo de urgência e a discussão sobre manipulações artísticas nas imagens.
Antes da revolução digital, o fotojornalista vivia em outro mundo. O intervalo entre o clique e a chegada nas redações era infinitamente maior e envolvia uma logística complexa de transporte. Hoje, o fluxo de trabalho tornou-se muito mais eficiente, assim como a competição e a dificuldade de se destacar. Outra questão relevante: a reação do público em tempos de mídias sociais e polarização política. Ataques, cancelamentos, disseminação de notícias falsas e outros desafios são comuns.
Tanto Gabriela Biló quanto Lalo de Almeida, personagens deste episódio, viveram isso na pele. Ambos se destacaram tanto em veículos tradicionais quanto nas redes sociais, e transformaram cenas e fatos históricos dos dias atuais em imagens artísticas, que mostram que é possível se contar uma estória em cima da História.
SINOPSE EPISÓDIO 3 – MODA
Historicamente, a fotografia de moda esteve ligada às revistas de moda. No início do século XX, ela começou a tomar forma, graças ao trabalho visionário de fotógrafos como Edward Steichen e o Barão Adolf de Meyer. Antes desse período, revistas e catálogos de moda dependiam de ilustrações, carecendo de fotografias com cenários e poses impactantes.
Ao longo dos anos, não foi a estética das imagens que sofreu a maior transformação, mas a forma de se publicar e do público consumir a fotografia de moda. A democratização dos meios de fotografar e publicar facilitou o surgimento de nomes fora do mainstream, como é o caso de Mylena Saza – personagem deste episódio. Natural de São Luiz, Maranhão, ela foi nomeada pela revista i-D entre os 21 fotógrafos brasileiros para ter em seu radar. Como mulher preta, ela encontra na fotografia uma poderosa ferramenta para construir narrativas que refletem sua realidade e experiências.
O segundo personagem deste episódio é o Paulo Vainer, que iniciou sua carreira em 1978 como assistente do famoso fotógrafo Bob Wolfenson e que viveu intensamente essa transformação. Paulo se destacou em publicações nas revistas mais importantes do meio, e viu de perto o declínio destas publicações.
A linguagem, antes ditada pelos requisitos das revistas impressas, foi adaptada para atender às telas de smartphones, com resoluções menores, mas mantendo um apelo estético cativante.
SINOPSE EPISÓDIO 4 ESPORTES
Uma das áreas mais fundamentais e simbólicas da fotografia é o esporte. Imagens em publicações esportivas ficaram marcadas na história e acompanharam a cultura do século XX. Esta modalidade sempre foi desafiadora devido à natureza instantânea dos eventos e à impossibilidade de repetição dos momentos chave. Em resumo, perdeu o momento, perdeu a foto que poderia marcar aquele jogo, luta ou evento.
Outra característica marcante na profissão do fotógrafo esportivo é a logística. Publicar uma notícia antes de todos significa mais vendas e publicidade. Esse é o caso de Jorge Araújo, fotojornalista que documentou 4 Copas do Mundo e que é personagem deste episódio. Ele conta histórias curiosas da "era química" – nome que ele dá aos tempos da fotografia com filme – e lembra como tinha que ter sempre consigo um minilaboratório que os fotojornalistas faziam nos banheiros do hotel.
O outro personagem do episódio é Jonne Roriz, fotógrafo que começou em 1998 na fotografia analógica – ou química – e que viveu na linha de frente na transição para o universo da fotografia digital.
Essas histórias revelam não apenas os desafios enfrentados pelos fotógrafos esportivos de outrora, mas também a paixão, o comprometimento e a inventividade que moldaram o desenvolvimento dessa forma de registro.
SINOPSE EPISÓDIO 5 - VIAGEM
Todos os formatos da fotografia se transformaram com as mudanças tecnológicas, mas a fotografia de viagem foi um dos gêneros que mais sofreram impacto. Se antes, imagens de locais longínquos e exuberantes eram publicadas em revistas como National Geographic, hoje os fotógrafos se tornaram personagens em perfis do Instagram e encontraram outras formas de monetizar sua profissão.
A abordagem clássica da fotografia, que era comumente vista nestas revistas, envolvia um processo editorial longo e meticuloso. Atualmente, o estilo de fotografia de viagem tomou outras formas e os protagonistas não são mais os países, mas sim as pessoas que os exploram. Os influenciadores amplamente presentes no Instagram e YouTube desempenham um papel fundamental nessa mudança. As viagens agora são frequentemente documentadas com selfies ou com um parceiro de viagem que atua como o rosto do projeto, enquanto o outro fotografa.
No quarto episódio da série, vamos conhecer dois lados dessa história. Roberto Linsker estudou geociência e encontrou na fotografia uma ferramenta para conhecer o mundo e contar suas histórias. Ele trabalhou para os principais jornais, para a National Geographic e criou uma editora, a Terra Virgem, para publicar livros sobre esse Brasil que ele conheceu. Já o casal Paula Albino e Daniel Negreiros foram os criadores do perfil NumPulo e encontraram na criação de fotos e conteúdos curtos para as mídias sociais uma forma de viver, trabalhar e viajar ao mesmo tempo.
SINOPSE EPISÓDIO 6 - TECNOLOGIA
O episódio de encerramento apresenta a atual revolução tecnológica que está abalando praticamente todas as áreas do mundo e que não estaria de fora da fotografia: a inteligência artificial. Com a aparição de diferentes ferramentas – como Midjourney e Craiyon - é possível criar e manipular uma imagem usando apenas sua imaginação, sem a necessidade de sair de casa ou mesmo de usar uma câmera fotográfica. Estas inovações desencadeiam uma série de possibilidades empolgantes e, ao mesmo tempo, levantam questionamentos sobre o futuro da fotografia.
Para um dos personagens deste episódio, Pedro Garcia (também conhecido como Cartiê Bressão) estas ferramentas podem realizar sonhos que antes precisavam de uma verba infinita. A inteligência artificial abre possibilidades para o imaginário do autor. Além de permitir que todas as pessoas possam criar suas mitologias próprias.
Porém, para quem pensa que a manipulação de imagens é algo novo, a história prova o contrário. Desde os primórdios da fotografia, as imagens são manipuladas. E para dar mais profundidade ao tema e conhecer uma outra maneira de enxergar as revoluções tecnológicas atuais, vamos acompanhar a laboratorista, Bete Savioli, que faz revelações e ampliações na forma clássica.